• Como tornar a sua empresa family-friendly

    A sociedade está a evoluir no caminho de um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e isso torna-se tão mais importante quando surgem filhos. Permitir que os colaboradores consigam esse equilíbrio sentindo que a sua família é importante para a empresa, sendo family-friendly, repercute-se em produtividade.

    Ambiente empresarial family-friendly

    O senso comum ditaria que depois dos filhos nascerem a motivação para a carreira profissional diminui. Porém, começa-se a perceber que essas assunções não são assim tão verdadeiras para as famílias atuais que procuram o equilíbrio entre a família que estão a desenvolver e o seu “eu” profissional. Nesse sentido, melhoram-se e aumentam-se os direitos– por lei – na parentalidade (1). Mas a realidade laboral dos pais e mães deve também ser melhorada no sentido de dar as boas-vindas a um novo elemento.

    É do conhecimento geral que os nórdicos são exímios nesta procura do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. No livro The Nordic Theory of Everything: In Search of a Better Life, de Anu Partanen são enunciados vários estudos que confirmam exatamente que se houver um ambiente flexível, family-friendly (amigo da família) com medidas para redução do stress, os colaboradores estarão mais motivados e satisfeitos. Esse bem-estar resulta numa menor rotatividade e, evidentemente, maior produtividade.

    Pensar um conjunto de ações neste sentido pode fazer a diferença nos resultados da sua empresa.

    Medidas concretas de apoio às famílias

    Algumas medidas parecem estar a generalizar-se como o alargamento da licença de maternidade paga, o alargamento da licença aos pais, a extensão da licença do pai, a maior participação do pai no início de vida da criança, a existência da licença de amamentação.

    Porém, nem sempre é o suficiente para que uma família se ajuste às exigências das funções a desempenhar em ambos os papéis: profissional e pai/mãe.

    Cada país adota diferentes medidas para colmatar esta necessidade. Algumas dessas medidas Governamentais ou Privadas podem incluir:

    – Governos que apostam num vasto leque de oferta de creches públicas.

    – Creches financiadas/disponibilizadas pelas empresas à margem do orçamento Estatal.

    – Médicos de Família integrados nas instalações das empresas.

    – Escolaridade obrigatória gratuita.

    – Horários flexíveis (nas creches e no trabalho).

    – Parte do horário reduzido para amamentação, sendo que a mãe decide como usufruir do período disponibilizado.

    – Ofertas de Kits por Entidades Públicas. Esses kits incluem bens essenciais ao início de vida como berço, mantas, fraldas, produtos de higiene. As entidades públicas podem ser a Segurança Social ou Ministérios responsáveis pelos assuntos da Família.

    – Valores monetários entregues às famílias como um abono de família.

    – Partilha da licença de maternidade com o pai.

    – Possibilidade de trabalhar a meio tempo quando a família tem crianças até determinadas idades (em Portugal, a função pública pode pedir esse benefício quando a família inclui crianças até 12 anos).

    Estudos diversos sobre equilíbrio vida pessoal e trabalho

    A Sodexo levou a cabo um estudo em 7 países e concluiu que os empregadores que se esforçam por criar um ambiente equilibrado sólido entre trabalho e família conseguem maior retenção de talento, reconhecimento e produtividade.

    89% dos gestores de pequenas e médias empresas afirmaram identificar um aumento na produtividade e eficiência após a aplicação de medidas para que os colaboradores organizem melhor as suas vidas pessoais (2).

    Numa empresa family-friendly, se o colaborador pode entrar até meia hora após o início do horário de trabalho e puder compensar no final do dia ou hora de almoço é o suficiente para reduzir o stress de quem tem pouca margem para deixar as crianças de manhã nas creches ou escolas, e atravessar o trânsito da cidade até ao emprego.

    A preocupação com os recém-papás pode ir mais além, e a Austrália dá o exemplo. Um programa com cursos e formações sobre como equilibrar a vida pessoal e familiar, que inclui consultoria às empresas, mas também ações de formação aos pais e serviços de bem-estar às mães. Massagens, recuperação pós-parto, nutrição, cuidados ao bebé, entre vários outros fornecidos aos colaboradores de forma gratuita sem prejuízo da sua rotina pessoal e profissional.

    Empresas que se associam a este programa e que o implementam são reconhecidas pelo seu cariz atual, moderno e family-friendly (Programa Parents At Work (3)).

    A cultura organizacional é fundamental

    Estes benefícios perdem a sua relevância na produtividade e satisfação dos colaboradores se houver pressão social ou dos pares para não serem utilizados, pelo que a cultura organizacional é extremamente importante. Esta cultura deve ser trabalhada vertical e horizontalmente na hierarquia das empresas para que sejam family-friendly.

    Mudança de paradigma

    Esta flexibilidade de que falamos em várias vertentes é mais importante para os colaboradores do que os empregadores possam pensar. As mentalidades mudaram e as novas gerações já não vivem para o trabalho, embora ele seja uma parte fundamental da sua realização. Com níveis de qualificação e especialização muito elevados, o trabalho é imprescindível para a sua felicidade, desde que equilibrado com a realização pessoal.

    E é esta mudança de paradigma que os empregadores têm de aceitar para implementar medidas family-friendly que permitam aos pais gerir a sua rotina, aproveitando tempo de qualidade com os seus filhos sem estagnar a carreira.

    E a prova desta discrepância de visões está patente no estudo “The 2015 Workplace Flexibility Study” da Workplace Trends, em que 67% dos empregadores dizem que os seus colaboradores têm equilíbrio entre vida profissional e pessoal, porém 45% dos colaboradores afirmam o contrário.

    Este estudo evidenciou também alguns dos resultados positivos dessas políticas de flexibilidade:

    – 87% de colaboradores satisfeitos

    – 71% de maior produtividade

    – 65% maior retenção de talento

    – 69% usavam esses programas como ferramenta de recrutamento

    – 54% dizem que esses programas facilitaram o recrutamento

    Ponto de vista dos empregadores

    Porém, para os empregadores as preocupações prendem-se com o abuso por parte dos colaboradores, com a justiça entre departamentos e setores aos quais as políticas de flexibilidade possam não se aplicar. Além disso, o argumento da cultura organizacional ainda pesa bastante pois 40% dos gestores inquiridos afirmam não fazer parte da cultura da empresa permitir teletrabalho, horário flexível, etc.

    Podemos concluir que este equilíbrio para que as empresas sejam family-friendly e haja apoio aos colaboradores que são pais ainda precisa ser trabalhado na sociedade atual, seja da parte dos colaboradores, quer da parte dos empregadores.

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